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Monday, December 03, 2007

Age and gender differences in mate selection criteria for various involvement levels.

Bram P. Buunk, Pieternel Dijkstra, Detlef Fetchenhauer, and Douglas T. Kenrick.

University of Groningen; and Arizona State University.

O estudo apresentado investiga as preferências na escolha de parceiros de homens e mulheres de várias idades, para níveis diferentes de relacionamento. Os níveis de relacionamento considerado foram os seguintes: Casamento; Relacionamento Sério; Apaixonar-se; Sexo Casual; e Fantasias Sexuais. As idades consideradas foram 20, 30, 40, 50, e 60 anos (+1 ou -1). Era pedido aos participantes uma categorização de um parceiro que se baseasse numa auto-avaliação, i.e., que tivesse como referência a própria pessoa; isto a nível de: Income, Atractividade Física, Auto-confiança, Inteligência, Dominância, e Posição Social. O estudo foi realizado na Holanda.

As teorias de investimento parental e de selecção sexual da psicologia evolutiva fornecem o framework teórico que serviu de base a esta investigação.

Segundo a teoria do investimento parental diferenciado (e.g. Buss, 1998; Symons, 1979; Trivers, 1972) machos e fêmeas usariam critérios diferentes para a selecção de parceiros sexuais devido ao diferente tipo de investimento parental, i.e., os machos, que possuem estratégias indirectas de investimento (recursos, protecção e comida), dariam mais importância a características ligadas à atractividade física (que veiculam um maior potencial reprodutivo); enquanto que as fêmeas, cujo investimento é directo (gestação, que implica recursos corporais do progenitor, cuidados directos durante o período de desenvolvimentos), dariam mais importância a características ligadas à capacidade de aquisição de recursos, estatuto e dominância (Buss, 1989).

A selecção sexual implica, por seu lado, a capacidade de comparação de um sujeito com os outros membros do seu grupo social. Esta característica acaba por estar presente a nível de trocas recíprocas (cooperação), a nível de competição para o investimento parental, bem como, a nível da selecção intrassexual. Por outro lado esta capacidade vai despertar mecanismos de competição social, seja por intimidação ou por atracção. A escolha de uma ou outra destas estratégias pode muito bem prender-se com duas ordens de auto-avaliações comparativas que os indivíduos fazem: a capacidade de reter a atenção social; e a capacidade de adquirir e reter recursos. Os autores Gilbert P., Price J. e Allan S. (1995), apontam a probabilidade de estas poderem ser as bases filogenéticas da auto-estima.

Seria assim de esperar que houvesse, devido à diferença de investimento à partida entre machos e fêmeas, uma tendência para os machos terem um padrão de selecção de parceiro mais baixo, ao passo que, pela mesma razão, as fêmeas devessem apresentar critérios mais exigentes. No entanto, Kenrich et al. (1990) apresentam o modelo de investimento qualificado que baseia-se na premissa de que os homens, por poderem vir a investir muito nos filhos, também pudessem apresentar critérios de selecção semelhante ao das mulheres relativamente a parceiros de longo prazo, ao passo que para parceiros de curto prazo, esses mesmos critérios fossem menos exigentes.

Olhando para os resultados:

Relativamente ao grau / tipo de envolvimento, resultou que quanto mais baixo for este, maior é a importância atribuída à atractividade física, enquanto que, quanto maior for o envolvimento, maior é a importância atribuída, especialmente nos homens, a características como a inteligência e a educação.

Relativamente às diferenças entre sexos, os dados apontam para uma preferência, no que diz respeito aos homens, para um parceiro com uma atractividade física superior à do sujeito. Por outro lado, as mulheres, aparentam ter preferência para a escolha de parceiros que, em comparação com as próprias, aparente maiores níveis de educação, rendimento, auto-confiança, inteligência, posição social e dominância.

Finalmente, em relação à idade, identificou-se uma tendência para estabelecer padrões mais elevados, no que diz respeito à educação, para um potencial parceiro, à medida que aumenta a idade do sujeito.

A relevância do artigo prende-se com a população escolhida para a investigação. A Holanda, sendo um país mais sexualmente liberal e feminista (Buunk, 1983; Buunk e Van Driel, 1989) do que os estados unidos, onde o fenómeno já tinha sido estudado, permitiu testar uma das primeiras premissas da psicologia evolutiva, o facto de estudar mecanismos psicológicos evoluídos e universais. O facto de ser uma cultura cujos valores faziam prever uma inversão nos resultados esperados, e o facto de este não ter sido o caso, fortalece a visão evolutiva dos critérios de selecção de parceiro. O facto de ter sido crida a categoria de fantasias sexuais às quatro categorias que tinham sido propostas por Kenrich et al. (1990), é significativo no que respeita à escolha de parceiros sexuais ‘a curto-prazo’, pois esta categoria permitiu expressar mais fidedignamente a preferência dos sujeitos, porque elimina toda a problemática da retribuição, por parte do parceiro escolhido, da preferência de escolha.

Mas qual, então, perguntam os autores, a razão por uma preferência de parceiros mais atractivos para relacionamentos mais fortuitos? Os autores apresentam uma explicação que tem a ver com os custos de uma manutenção de um relacionamento com um parceiro mais atractivo. Para as mulheres (que se encontram já num relacionamento estável com um ‘providenciador’ / ’investidor’) faria todo o sentido, tendo uma vantagem biológica a reprodução com um parceiro mais atractivo (genes mais ‘fortes’) enquanto beneficia dos recursos (sociais, de status, de income, etc.) do outro parceiro.

Neste sentido existe uma ‘estratégia nuclear de maximização biológica’ que implica que se um individuo puder, a pouco custo, melhorar o património genético da própria descendência, seja este macho ou fêmea, vai existir uma tendência para seguir esse caminho. No caso das mulheres acima descrito, deveria ser possível então conjecturar uma maior capacidade para ‘mentir’ ou para esconder, tanto a altura do mês em que existe mais probabilidade de fecundação, logo de ‘escapadelas’ (ovulação críptica), tanto para dissimular estados emocionais, que são a base da socialização e o nosso ‘medidor’ do que se passa no outro, fulcral para uma estratégia cooperativa, e ainda mais para um parceiro (‘cooperação biológica’). Os homens por seu lado, e usando a mesma estratégia acima descrita, facilmente optarão por parceiras mais jovens e atractivas para ter relacionamentos casuais de modo a maximizar as probabilidades de reprodução, ao mesmo tempo que investirão numa outra parceira, com a qual estabelecerão um contracto, e onde todos os outros factores considerados neste estudo teriam influência. No mesmo sentido (e conforme a ‘gravidade’ percepcionada da escolha de varias estratégias de reprodução) os homens também poderão ser vistos como bons ‘mentirosos’ embora não necessitem tanto, i.e., num contracto entre macho e fêmea onde um entra com investimento e recebe da outra segurança na paternidade e acesso à possibilidade de reprodução, ao tenderem ambos a usarem estratégias mistas, no caso do macho, este, desde que não invista em outra parceira, não estaria a quebrar este contracto e teria menos necessidade em ser ‘bom mentiroso’, a fêmea por seu lado estaria a quebrar o contracto directamente e, ao ser descoberta, poderia causar a quebra do relacionamento.

Relativamente às limitações do estudo, o facto de ter sido feita uma avaliação de características relativas ao self não toma em conta as diferenças de percepção de si próprio de cada uma das pessoas, sendo que esta percepção estará baseada, entre outras coisas, numa percepção, mais uma vez subjectiva, do ‘mercado’ onde os sujeitos estão integrados. Não tendo sido considerados estudos (que imagino que existam) sobre as diferenças de estratégias usadas pelos percentis mais altos vs. os mais baixos, bem como a diferença de percepção de si próprio, mais característica à pertença a um grupo que mais tem probabilidade de se reproduzir em contraste com o seu oposto, pode muito bem haver diferenças de base ao nível tanto da percepção como das estratégias utilizadas para minimizar ‘shortcomings’.

Este estudo vem sustentar o estudo de Kendrick et al. (1990; 1993) onde os homens, mais do que as mulheres, baixam os seu padrões de exigência no que diz respeito à inteligência da parceira, para companheiros de curto prazo. Estes resultados não estariam assim restritos aos EUA apontando para a universalidade da característica em estudo.

Para além disso, as faixas etárias escolhidas permitem extrapolar e confirmar alguns dos resultados para uma população mais adulta, e sustentam as diferenças de género na selecção de parceiros por canais bem diferentes do que os anúncios pessoais dos jornais.

2 comments:

a said...

está explicado porque é que eu arranjei um quarentão!

tão redutora...

Anonymous said...

o que eu estava procurando, obrigado